terça-feira, março 21, 2006

Pacientes da AACD descobrem no esporte um novo sentido para a vida

O esporte para os portadores de deficiência física, no processo de reabilitação, vem transformando pacientes em atletas. Visando aos benefícios desta prática em termos de reabilitação, o setor de Reabilitação Desportiva da AACD tem contribuído para a descoberta de novos talentos. No Dia da Juventude (30) a entidade tem muito a comemorar.

Há mais de meio século a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) travou uma batalha com crianças, adolescentes e adultos portadores de deficiência física, com o objetivo de reabilitar e (re)integrar estas pessoas na sociedade. Para um melhor desenvolvimento dos pacientes a entidade desenvolve diversas técnicas que auxiliam no tratamento. A Reabilitação Desportiva é uma delas. A prática de esporte agrega ao tratamento atividades que motivem e sociabilizem os novos pacientes.
Em pesquisa realizada pela Clínica de Lesão Medular da AACD foi constatado que 51,4% dos pacientes lesados medulares com até 16 anos foram vítimas de arma de fogo. Júlio Kazuhiro Teruyu, 20 anos, foi atingido por um tiro durante um assalto no comércio dos seus pais e teve uma perna amputada à oito anos. Encontrou na Reabilitação Desportiva uma habilidade que desconhecia. Competidor de tênis de mesa, já participou de vários campeonatos e conquistou um total de 30 medalhas.


Com um desempenho espetacular no Circuito Loterias da Caixa Brasil Paraolímpico 2005, este ano Teruyu foi convidado a participar do TOP 12. O campeonato será realizado pelo Comitê Paraolímpico, em Natal. Além de suas atividades físicas, que são levadas muito a sério, o esportista atualmente cursa o 2º ano de Rádio e TV, na UniSant’Ana. “Antes de entrar na AACD eu não praticava esporte algum, foi aqui que descobri minha aptidão para o tênis de mesa”, diz.

Teruyu mudou sua visão em relação à vida depois do acidente. “Logo que tudo aconteceu não me conformava em ter perdido uma perna. Quando cheguei aqui e fui conhecendo a história de outras pessoas percebi que a minha situação não era tão grave assim”.

De acordo com a coordenadora do setor de reabilitação desportia da AACD, Edna de Moraes Garcez, “o esporte pode ser praticado pela maioria dos portadores de deficiência. Dentro da prática existe uma classificação funcional, em que os atletas são incluídos, de acordo com as dificuldades". Hoje, a entidade mantém diversas modalidades esportivas, entre elas, tênis de mesa, capoeira, halterofilismo e natação.

A Reabilitação Desportiva treina diversas modalidades, entre elas: capoeira, tiro esportivo, tênis de mesa, bocha, natação, basquete, futebol para amputados, futebol para PC (Paralisia Cerebral) e halterofilismo. A coordenadora do setor explica que "o portador de deficiência tem o peso de um estigma. Nosso trabalho é retirar isso dele. Cultivamos o atleta para a vida e mostramos que ele é capaz e é eficiente, apesar de suas dificuldades".

Nenhum comentário: