quinta-feira, março 23, 2006

José Joffily dirigiu filme pelo sabor de fazer cinema

Produção estréia no Brasil em circuito nacional no dia 21 de abril

No dia 21 de abril chega aos cinemas Achados e Perdidos, o mais recente longa-metragem do cineasta brasileiro José Joffily, uma adaptação do romance policial do brasileiro Luiz Alfredo Garcia-Roza, com Antonio Fagundes, Zezé Polessa e Juliana Knust no elenco principal. O longa teve passagens pelo Festival do Rio e pela Mostra BR de Cinema de São Paulo.

Para Joffilly, realizar um longa-metragem é como fazer uma longa viagem. “Desde 1999 me interessei pelo livro de Garcia-Roza. Cinco anos depois, no dia 1º de agosto concluímos as filmagens da adaptação”. Em ano de Copa do Mundo, Joffilly também comenta que formar equipe e elenco é como escalar uma seleção. “Sinto que acertamos. Antonio Fagundes, Zezé Polessa e Juliana Knust formaram uma linha de frente brilhante. Protagonistas de um triângulo amoroso, os três conviveram intensamente com o quarto personagem do filme, Copacabana”.

E Copacabana, que seria uma locação mais “preguiçosa” do que a Nova York de Dois Perdidos em uma Noite Suja, o filme anterior de Joffilly, acabou se revelando, do ponto de vista da produção, muito mais trabalhosa. “Filmamos os interiores de Copacabana na Gávea Paulista, e os exteriores em Copacabana, claro. Foram quatro semanas seguidas de noturnas, e eu detesto filmar à noite, de madrugada, fisicamente é uma experiência exaustiva para mim, que durmo cedo”, comenta o diretor, que afirma não ter tido a preocupação de mostrar o que já se conhecia de Copacabana. “Queria trazer à tona uma Copacabana que eu ainda não tinha visto no cinema, em alguns momentos aparece até a praia, a Avenida Atlântica, mas nossa pretensão era expor o lado sem charme do bairro mesmo”.

José Joffilly, que conta na sua filmografia com os premiados Quem Matou Pixote?, A Maldição do Sanpaku e O Chamado de Deus, destaca que sua “seleção” e ele próprio queriam fazer de Achados e Perdidos um filme que se alimentasse da literatura e do sabor de se fazer cinema, sem preocupação que não a dos planos, das cores, das formas, da composição dos personagens, da descoberta dos movimentos de câmera. “Na época em que fiz Achados e Perdidos, estava também trabalhando no documentário Vocação do Poder, em parceria com Eduardo Escorel, e preferi trabalhar com a realidade neste documentário”.

O diretor afirma que a principal referência que utilizou para rodar Achados e Perdidos foi a proximidade da idade sexagenária, e que dificilmente há 30 anos faria um filme que tivesse um personagem como o Vieira (Antonio Fagundes). “Hoje sou capaz de entender o Vieira, não só ele como a Magali (Zezé Polessa) e Flor (Juliana Knust) também. Independente da credibilidade dos personagens, hoje também entendo a memória com um zigue-zague desobediente à linearidade desejada pelo consciente. As idas e vindas da história, a simultaneidade do passado e do presente, a ‘desorganização’ das lembranças também nos levou a configurar a história da forma como fizemos. Sinto que é uma narrativa que somente hoje acho atraente”.

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