sábado, maio 20, 2006

Crônicas e ensaios de Olavo Bilac são lançados pela Imprensa Oficial do Estado, Edusp e Editora da Unicamp

"Bilac, o Jornalista", tem organização e ensaio crítico do professor Antonio Dimas e é uma edição da Imprensa Oficial do Estado, Edusp e Editora da Unicamp. O lançamento será dia 18 de maio (quinta-feira), a partir das 18h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, à Avenida Paulista, número 2073, São Paulo.

O lado poeta em Olavo Bilac sempre foi privilegiado, deixando sua atuação como jornalista por muito tempo esquecida. Na publicação de dois volumes de crônicas e um de ensaios na coletânea Bilac, o Jornalista, o professor Antonio Dimas resgata o trabalho jornalístico do líder do movimento parnasiano, propondo uma nova visão sobre sua atuação. Preço:R$ 170,00 os três volumes. Os exemplares também podem ser adquiridos pelo site da Imprensa Oficial no
http://lojavirtual.imprensaoficial.com.br/. O autor é doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo e professor livre-docente do departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLH-USP. Realizou pós-doutorado na Maison des Sciences de L’Homme, na França. Páginas: 904 no primeiro volume; 576 (segundo volume) e 200 no terceiro volume, de ensaios.

Para a publicação desses volumes, o coordenador da obra garimpou, pacientemente, crônicas e ensaios publicados na imprensa, reproduzidas nos dois primeiros volumes de Bilac, o Jornalista. Dimas ressalta o equilíbrio entre poesia e jornalismo presente na concepção literária de Bilac, dialogando com a variedade de perspectivas retratadas nestas crônicas e ensaios, revelando um autor múltiplo e desafiador.

Da seleção constam crônicas publicadas em O Correio Paulistano (ente 1907 e 1908), na revista Kosmos e na Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro. Bilac dedicou quase vinte anos à produção de crônicas, aderindo ao jornalismo depois de consagrado como poeta.

A cidade do Rio de Janeiro é a grande personagem da crônica bilaqueana: uma cidade debruçada sobre a cultura do século XIX e, de outro lado, dilacerada nas contradições políticas do início do século XX. Em sua pesquisa, Antonio Dimas revela Bilac em várias perspectivas, um cronista sempre pronto a ver o Brasil e o mundo: o andarilho, o poeta, o jornalista, o político e o polemista que observou o desastre de Canudos, a modernidade de Paris e até estudou a complexa relação do Brasil com a América Latina.

A importância de editar os três volumes da obra de um dos mais consagrados poetas é ressaltada pelo presidente da Imprensa Oficial do Estado, Hubert Alquéres: ““Bilac é o tipo de caso já clássico de endeusamento entre seus contemporâneos acompanhado de esquecimento e injustiça posterior. Os três volumes, contendo sua obra como jornalista, sanam uma grande lacuna para estudiosos de literatura, estudantes de jornalismo e amantes das belas letras; além de fazer justiça à obra de Bilac e de sua importância como observador e descritor de seu tempo.”

Algumas das crônicas desta antologia, na íntegra ou transformadas, já foram publicadas por Olavo Bilac em seus livros Crônicas e Novelas (1894), Crítica e Fantasia (1904) e Ironia e Piedade (1916). Antonio Dimas relata que essas crônicas retiradas de revistas e jornais diversos, publicadas no Rio de Janeiro ou São Paulo, ajudarão o leitor a formar uma opinião mais ampla sobre a sociedade brasileira nessas duas cidades: “As crônicas de Bilac ultrapassam o literário e espalham-se por domínios conexos, nos quais o historiador, o psicólogo, o sociólogo, o economista, o jornalista, o antropólogo e outros pesquisadores da sociedade brasileira poderão encontrar elementos importantes para uma reflexão sobre as diferentes facetas da nossa sociedade”.

Sobre Bilac
Foi um dos mais notáveis poetas brasileiros, prosador exímio e orador primoroso, participou da fundação da Academia Brasileira de Letras, na cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias. É autor do Hino à Bandeira Nacional. Ele nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de dezembro de 1865, e morreu em 28 de dezembro de 1918, na mesma cidade.

Após os estudos primários e secundários, matriculou-se na Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro, mas desistiu no 4o ano. Tentou, a seguir, o curso de Direito em São Paulo, mas não passou do primeiro ano. Atraído pela vida fluminense, voltou ao Rio e passou a dedicar-se ao jornalismo e à literatura.

Foi um dos mais ardorosos propagandistas da abolição, ligando-se estreitamente a José do Patrocínio. Em 1900 partiu para a Europa como correspondente da publicação Cidade do Rio. Daí em diante, raro era o ano em que não visitava Paris. Fundou vários jornais, de vida mais ou menos efêmera, como A Cigarra, O Meio, A Rua. Na seção "Semana" da Gazeta de Notícias, substituiu Machado de Assis, trabalhando ali durante anos. Exerceu vários cargos públicos no estado do Rio de Janeiro e na antiga Guanabara.

Conferencista, sua obra tornou-se leitura obrigatória, sendo declamado nos círculos literários. Fundindo o Parnasianismo francês e a tradição lusitana, Olavo Bilac deu preferência às formas fixas do lirismo, especialmente ao soneto.

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