quinta-feira, outubro 19, 2006

Semana Mundial discute alimentação saudável

Lançamento de Guia Alimentar em formato de bolso e debate sobre perfil alimentar de nossa população integram programação

Até o próximo domingo, dia 22 de outubro, a Semana Mundial da Alimentação promove, em diversos países, uma série de debates sobre a importância de hábitos alimentares adequados para a saúde. No Brasil, os eventos patrocinados pelo Ministério da Saúde discutem a necessidade de que nossa população melhore estes hábitos e consuma mais produtos naturais como frutas, verduras e legumes. Uma dieta balanceada pode contribuir sensivelmente para reduzir a incidência de doenças como hipertensão e diabetes, responsáveis por muitas mortes e por grandes gastos no Sistema Único de Saúde (SUS).
Além dessa discussão, durante a Semana da Alimentação serão estudadas novas ações para a implantação de políticas da alimentação saudável e da qualidade de vida em todo o país. Uma delas é a versão de bolso do Guia Alimentar da População Brasileira. Com acesso mais fácil e formato sintético, a publicação traz orientações para estimular hábitos alimentares saudáveis na população. “As pessoas estão perdendo o gosto por alimentos saudáveis. Queremos tomar medidas que mudem para melhor a qualidade das refeições do brasileiro”, explica Patrícia Gentil, coordenadora da Promoção da Alimentação Saudável, da Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.
Uma das principais finalidades do guia em formato de bolso é reforçar as diretrizes contidas no Guia Alimentar para a População Brasileira, editado para ajudar profissionais de saúde a levar informações sobre a importância de uma dieta saudável. “Trata-se de uma versão simplificada do Guia Alimentar, com as informações mais importantes”, explica a coordenadora da Promoção da Alimentação Saudável.
O guia de bolso contém orientações importantes como os “dez passos para uma alimentação saudável” e destaca alguns exemplos de alimentos a serem consumidos, com as porções adequadas. O guia também trata do papel da manutenção do peso saudável e da prática de atividades físicas. O seu lançamento aconteceu na última terça-feira (17), no I Fórum de Educação Alimentar e Nutricional Para a Promoção da Saúde, realizado em Brasília pelo Ministério da Saúde. O evento contou com representantes de sociedades científicas, de entidades comunitárias, de estudantes e de profissionais de saúde.

Educação alimentar
Durante o Fórum, foram realizadas mesas-redondas com apresentações de projetos e programas desenvolvidos pelo Ministério da Saúde e pelas secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. Entre alguns projetos, a Saúde pretende contribuir para melhorar a qualidade de vida das crianças em ações conjuntas com o Ministério da Educação e as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação. Essas esferas de governo pretendem trabalhar a educação alimentar em sala de aula e promover uma dieta mais saudável por meio de mudanças nos cardápios das cantinas escolares. “Além de aulas, as escolas têm o papel de dar um exemplo positivo na alimentação; por isso o lanche das cantinas deve ser o mais saudável possível”, diz Patrícia Gentil. A iniciativa prevê ainda, nas escolas, o acompanhamento das crianças por profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS).
Outra medida prevista para melhorar a alimentação infantil é a regulação de propagandas dos produtos alimentares voltadas para esse público. Todo ano são lançadas várias novidades no mercado. As indústrias abusam do fato de as crianças serem mais influenciáveis por esse tipo de marketing. “Existe um consenso sobre a importância de uma legislação que modere o fascínio que a propaganda de alimentos exerce, principalmente, em crianças”, destaca Patrícia Gentil.

Correria cotidiana facilita alimentação inadequada

Dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada em 2003, revelam que o brasileiro vem se alimentando de forma cada vez menos saudável. A principal causa desse quadro são hábitos inadequados adquiridos principalmente por quem vive nas grandes cidades. A correria do dia-a-dia leva muita gente a substituir uma refeição mais nutritiva em casa por sanduíches e outros pratos das redes de lanchonetes fast-food ou por alimentos muito gordurosos servidos em restaurantes self-services.
O largo consumo de alimentos produzidos industrialmente trouxe conseqüências sérias para a saúde da população. Em menos de dez anos, segundo o Ministério da Saúde, houve um aumento para 40% de brasileiros acima do peso e para 11% de obesos. No total, há cerca de 38,6 milhões de pessoas acima do peso recomendado e 10,5 milhões de obesos no país. “Todos eles estão mais propensos à hipertensão, diabetes, problemas respiratórios, câncer e outras doenças cardiovasculares”, explica a coordenadora da Promoção da Alimentação Saudável, da Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Gentil.
De acordo com a distribuição geográfica, o problema de excesso de peso é mais grave no meio urbano do que no rural e mais evidente nas Regiões Sul e Sudeste do país, onde atinge respectivamente 23,6% e 22,0% das populações de jovens.
“Muitas pessoas não têm o mínimo conhecimento sobre a composição de um prato saudável. A falta de opção por esse prato é pior ainda para quem come no meio das ruas, em espaços como quiosques ou carrocinhas”, observa.
As substâncias presentes excessivamente nos alimentos industrializados como sal, açúcar, corantes, aromatizantes e a gordura trans devem ser evitadas ao máximo pelos riscos que oferecem ao organismo.
Ao contrário do que muitos pensam, é possível se alimentar de forma saudável na rua com a escolha adequada do cardápio. Segundo Patrícia Gentil, “o segredo está em caprichar nas quantidades de frutas, verduras e legumes, que devem estar presentes em pelo menos seis porções ao longo do dia”.
E a coordenadora deixa uma dica: “Todos podem carregar esses alimentos em uma marmita ou buscá-los em lanchonetes e self-services”. Segundo ela, os carboidratos, presentes em pães, massas e tubérculos, devem constituir a maior parte da dieta. Por serem a base da alimentação, sua recomendação está em torno de 60% de um prato saudável. Os alimentos protéicos como carnes, leite, queijos, ovos e iogurtes devem fazer parte de 10% a 15% da dieta diária.


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