sábado, agosto 25, 2007

Especialistas alertam: auto-exame não reduz mortalidade por câncer de mama

Temido pelas mulheres - por colocar em risco a vida, alterar a identidade corporal e impactar a sexualidade - o câncer de mama atingiu 48.930 pacientes em 2006, de acordo com o Inca. "Trata-se do tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil", descreve Dr. João Nunes, que chefia o Serviço de Oncologia Clínica e Coordenador de Residência em Oncologia do Hospital Universitário de Brasília. Para completar, as estatísticas mostram aumento da freqüência, especialmente acima dos 35 anos.

Evitar a doença ainda é impossível. "Embora adotemos a terminologia 'exame preventivo do câncer de mama', o que fazemos é detecção precoce", explica o especialista. Isso já é muito, quando avaliados os resultados. "A patologia tem acima de 90% de chance de cura quando detectada em estágio inicial", destaca Dr. Nunes. Por outro lado, quando em estágio metastático - com comprometimento de outras partes do organismo - torna-se incurável.

Precoce

Apesar da importância do auto-exame, dados do Inca comprovam que ele não é eficiente para o rastreamento da doença e não contribui para a redução da mortalidade. "Quando a mulher detecta um nódulo, por conta própria, a chance da doença estar instalada há muito tempo é considerável", esclarece Dr. Nunes. Em todo caso, o oncologista Murilo Buso, diretor do Cettro, explica que é necessário reconhecer o valor do auto-exame em países em desenvolvimento. "No Brasil, muitas pacientes chegam ao consultório com tumores visíveis. Se elas realizassem o auto-exame, poderiam ter detectado o nódulo com cerca de 1cm", complementa.

O protocolo do Inca - consenso baseado em evidências científicas - preconiza condutas específicas para diferentes faixas etárias. Mulheres a partir dos 40 anos e que não possuam casos da doença na família devem realizar anualmente o exame clínico da mamas - feito por médico ou enfermeiro devidamente habilitados. "A partir dos 50 anos, indicamos a realização adicional de mamografia a cada dois anos", descreve Dr. Nunes.

Já as mulheres que se enquadram no grupo de risco elevado devem dar início à avaliação clínica a partir dos 35 anos. "Essas são aquelas com um ou mais parentes de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com câncer de mama antes dos 50 anos; um ou mais parentes de primeiro grau com câncer de mama bilateral ou câncer de ovário; história familiar de câncer de mama masculina; lesão mamária proliferativa com atipia comprovada em biópsia", especifica o médico.

Para as mais atentas, Dr. Nunes dá uma informação adicional. "A ingestão regular de álcool, mesmo que em quantidade moderada, também é identificada como fator de risco. As chances de desenvolver a doença cresce de 40% a 70% com o consumo de dois drinques por dia", conclui Dr. Nunes.

Novas Perspectivas

Dentro de 2 a 5 anos, espera-se que o tratamento do câncer de mama no Brasil já tenha incorporado duas das promessas da ciência. A primeira delas consiste na análise genética do tumor, o que possibilita tratamento mais assertivo.

A outra tendência é a adoção de novas drogas desenvolvidas a partir da biologia molecular, os chamados anticorpos monoclonais. Elas atuam como mísseis teleguiados, atingindo determinado ponto da célula doente. Pesquisas mundiais mostraram bons resultados com medicamento inibidor da torisinoquinase, enzima presente no esquema de preservação da célula doente.

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